Confesso que há muito tempo não ficava acordada até tarde para ver uma competição desportiva e muito menos para ver futebol do escalão sub-20.
Não há dúvida, que de repente os portugueses ficaram conquistados por esta selecção que se sagrou vice-campeã mundial.
Tem razão o treinador/seleccionador Ilídio Vale, quando afirma que só os distraidos é que desconheciam o valor destes rapazes.
Tal distração só pode resultar da pouca cobertura informativa sobre a selecção, mas tal situação tem uma razão mais profunda: na quase inexistente divulgação do trabalho realizado na formação.
Na verdade, os nossos jornais, ditos desportivos, pouca relevância dão ao trabalho desenvolvido por todos aqueles que ao longo do ano trabalham com as camadas jovens.
Tal como os jornais, também os governos eleitos deste país pouca importância têm dado a quem dedica muito do seu tempo a ensinar os passes, as jogadas e as técnicas.
Se temos grandes valores e estrelas no desporto, tal situação não é apenas resultante do talento e aptidão naturais para a prática desportiva.
Alguém ensinou, alguém formou esse talento.
Fiquei satisfeita quando o Secretário de Estado do Desporto afirmou que o governo vai no quadro da lei apostar na formação.
Pese embora, o nosso governante tenha afirmado a limitação dos governos no que tange à intervenção no desporto, o mesmo afirmou que em termos legais irá adequar a lei no sentido de incentivar os clubes a apostar na formação.
Ora, pese embora os normativos legais sejam essenciais para regular as actividades, não é a lei a resolver o problema, é na adequada actividade dos organismos que poderá haver incentivo: divulgação de actividades, estímulo à formação através de incentivo fiscal, actualização contínua dos formadores, política de intercâmbio de actividades entre clubes, associações e países, adequação dos horários escolares à actividade desportiva.
O Estado não pode, nem deve substituir-se aos clubes, mas pode colocar ao serviço dos clubes as infraestruturas que possui, os seus técnicos e o seu know-how, numa actividade concertada e global e não apenas sectorial.
Agora, após o entusiasmo dos resultados alcançados por esta selecção, espero ouvir e sobretudo ver realizadas todas as intenções manifestadas de dar continuidade ao trabalho realizado e incentivo à carreira destes jovens para que possam brilhar nos escalões principais.
2 comentários:
Em primeiro lugar saúdo os sub.20 pelo êxito alcansado e a dignidade com que se defrontaram neste mundial, contudo não posso deixar de referir que o futebol tem beneficiado em deteorização de outros desportos ao longo dos anos de uma cobertura em termos de comunicação social impar, eu diria mesmo por vezes vergonhosa, quando se fala de promenores exagerados como por ex. lesões, mudanças de jogadores,etc, etc,páginas cheias nos jornais todos os dias para não falar dos programas de tv que vão falar do mesmo em vários canais, considero também que o futebol em termos de custos à população e as broncas que causam principalmente as equipas profissionais não mereciam ser de utilidade pública beneficiando assim de subsídios e dinheiro dos contribuintes uma vez que geram milhões e pagam milhões aos jogadores para além de ser imoral, não pagam as dívidas ao Estado pelos seus impostos.
Muito trabalho se tem feito na formação em todas as modalidades, mas muito mais se poderia fazer se os técnicos especializados em formação estivessem nessa formação e não alguns curiosos que por lá andam...
Recordo Horácio Lopes, no seu texto "O futuro do desporto em Portugal" no blog «Colectividade Desportiva», de 20.06.2011:
"Para que o desporto em Portugal seja uma mais-valia para a nossa sociedade potenciando todos os benefícios que muito se divulgam, é necessário dotar o mesmo das pessoas ADEQUADAS para a sua promoção, enquadrando os vários especialistas nas suas áreas de formação. Professores a ensinar, treinadores a treinar, psicólogos a consultar, médicos a tratar, …, gestores a gerir!”
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