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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O primeiro de três objectivos - A questão do Museu do Desporto

Retomando um propósito que havia enunciado no meu anterior "post", gostaria de começar a opinar, pois este blog não tem outra função, sobre o primeiro dos três objectivos a alcançar e que segundo o Secretário de Estado do Desporto, fariam sentir-se realizado.
A questão do Museu do Desporto, é louvável, pois sendo questão antiga, o que fazer com um espólio que se encontra reunido em más condições de conservação e que ao fim ao cabo não está na disponibilidade de quem queira conhecê-lo.
È digno de respeito este objectivo, mas a questão que se coloca é a seguinte:
Em que termos será pensado este Museu do Desporto? Qual o público alvo a que se destina? Será integrado na rede nacional de museus? Ficará sob a tutela da Secretaria de Estado da Cultura? do Desporto? Qual a dimensão do mesmo?
Na realidade, são todas estas questões que gostaria de ver respondidas e infelizmente a entrevista do Secretário de Estado é omissa.
Como cidadã deste país, estou um pouco saturada de ouvir falar em projectos que, quando não se realizam geralmente são justificados pela falta de condições financeiras.
O projecto do Museu do Desporto, ficará circunscrito a um público alvo, os estudantes, no âmbito dos ensinos básico e secundário e os do ensino universitário que tenham o Desporto como finalidade do seu curso.
Depois existirá um outro público, que já praticou ou ainda pratica qualquer modalidade desportiva e um público residual, aquele que visita museus qualquer que seja a sua temática.
Não se tenha ilusões que tal museu vá ter uma grande afluência de público ou que vá ser auto-suficiente nas suas receitas.
È por isto que relativamente a este objectivo, em que é honroso preservar uma memória de factos e acontecimentos desportivos se tenha que ter em conta, que o Museu do Desporto, não pode ser um projecto megalómano.
Conservar o património é urgente, procurar canalizar a ajuda de diversas entidades é premente, procurar encontrar algum "sponsor" não será descabido, mas sobretudo ter em mente que, a dimensão do Museu terá que ter em conta o público alvo a que se destina e este será de reduzida dimensão.
Nos governos anteriores, houve sempre a tentação de deixar grandes obras que se revelaram grandes sorvedouros de dinheiro, com dispêndio de recursos, aos quais não houve retorno, veja-se o caso dos estádios do Euro 2004, os centros de alto rendimento...
Não tenha pois o Secretário de Estado a tentação de criar outro pequeno monstro, se bem que o tempo é de vacas magras.
E porque não abrir concurso de ideias para a criação e dinâmica do Museu à comunidade escolar, quer a do ensino básico e secundário, quer à universitária, quer à comunidade desportiva, sempre se poupariam recursos em vez de atribuir tal tarefa a arquitectos, designers de renome que, com seus honorários levam quase a maior fatia do investimento?
A propósito do tema, remeto os leitores que se dignam ler o que escrevo, para uma outra leitura: http://desportoeeconomia.blogspot.com/2011/11/o-museu-do-desporto-nao-morreu.html.

3 comentários:

Armando Inocentes disse...

Cara Marina:

Claro que é necessário um Museu do Desporto. Não só para não se perderem memórias como para estudarmos a história daqueles que se destacaram (e daqueles que trabalharam) antes de nós.
Um Museu do Desporto não será só um museu demedalhados ou de botas de ouro (penso eu!). Terá de ser muito mais...

Mas agora fala-se é num "Museu Olímpico"... Ora, há modalidades que não são olímpicas (algumas são olímpicas mas não figuram no programa dos J.O. - grande treta!) - hóquei em patins, golfe, karaté, aikido, petanca, jogo do pau (esgrima lusitana) e por aí fora...

Se o Museu for só "Olímpico" irá retratar a história destas modalidades??????

Grande abraço!

Armando Inocentes disse...

Claro que não pode haver um museu "demedalhados" nem de "tresmalhados". A ideia era escrever que um Museu do Desporto não poderá ser só um museu "de medalhados"...

As minhas desculpas!

Marina Albino disse...

Caro Armando:
O " falado" Museu Olímpico, não é mais do que aproveitar o espólio do Museu Olímpico sediado em Lausanne, de forma a permitir que parte do seu acervo seja cedido para exposições temporárias.
Todavia, nunca na minha opinião poderá o Museu do Desporto ser confundido com o Museu Olímpico.
Grandes feitos desportivos, não estavam inseridos em competições olímpicas, e nem eram modalidades olímpicas, pelo que seriam injustiçados os desportistas que praticaram esses feitos.
Por outro lado, sendo o Museu Olímpico de Lausannne, interessante sob o ponto de vista da localização, junto ao lago Léman e virado para as montanhas nevadas, com os seus jardins embelezados por esculturas alegóricas às modalidades olímpicas, sob o ponto de vista museológico, considero-o um repositório de objectos interessantes, todavia, algo "estático", e pelo que constatei, com um público visitante muito restrito.
O que reforço, é que o Museu não pode ter pretensões megalómanas e deverá ser pensado de forma a abranger todas as modalidades.
Poderá ser um local de dinamização de colóquios e um espaço que acolha ideias e dê voz a antigos e actuais praticantes.
Poderá igualmente priviligiar a itinerância de exposições em termos nacionais.
Veremos o que vai ser feito.